2º Encontro dos Pterodáctilos – Voadores de Asa Delta do ES

“A amizade é um amor sem sexo.”

Com essa perfeita definição, Vinicius de Moraes expressou em poucas palavras o que une pessoas, por afinidades que vão desde um time de futebol, uma opção política ou gostos diversos até como hobbies e a prática de um esporte, arte ou cultura.

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Mas as amizades, como qualquer sentimento, como qualquer coisa “viva” precisa de alimento, caso contrário, definha e é esquecida, ao longo dos anos. Para manter viva e continuar dando frutos, há que se regar, pelo menos de vez em quando, reavivando e jogando uma “brasinha” nessa fogueira.

O voo livre, utilizando asa delta, foi o que iniciou o esporte, em todo mundo. No Espirito Santo, há mais de trinta e cinco anos atrás, surgiu aquele que foi o instrutor da maioria dos pilotos, até 1990. Um homem ímpar, com muitos talentos radicais, chamado Luís Carlos Fragoso, piloto de avião, paraquedista, mergulhador, pescador e caçador – este último talento, felizmente, enterrado. Depois dele, vieram o também diferenciado e talentoso Morris Brown, João Caldas e outros, citando apenas os dois que já se foram, já que os vivos ainda estão escrevendo a sua história.
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E alguns anos atrás, de forma improvisada e com pouco mais de uma dúzia de pilotos, foi feito um primeiro encontro, reunindo Fragoso e um pequeno grupo de seus alunos. Mas nesse último domingo, dia 18 de setembro de 2016, dessa vez com a participação de quase todos os pilotos antigos e acrescido pelos últimos pilotos recém formados, mais de quarenta pilotos de asa delta realizaram um segundo encontro, dessa vez apelidado de “pterodáctilo”, já que o dinossauro mais conhecido que voava chamava-se assim. Por coincidência, no mesmo mês em que foi descoberto uma nova espécie desse tipo de dinossauro, na nossa vizinha Argentina.

Quando foi criado um grupo no famoso aplicativo WhatsUp, para organizar o evento e promover a comunicação entre aqueles que voavam de asa delta, a adesão foi de tal forma, que o evento dessa vez ganhou uma dimensão inesperada. Como se tivesse aberto uma janela que todos desejavam, que permitiria rever os amigos, voltar a falar do assunto que foi o preferido por todos, por quase toda a vida: voo livre!

Com o apoio de vários e nobres pilotos, que doaram seu tempo e recursos, Jorge Henrique (camisas), Maurício Medeiros (cachaça da boa), João Maciel (cerveja artesanal), Fleury (arte da camisa), Ponciano (etiquetas personalizadas), Daglinho (conta e compras), realizamos uma festa regada à churrasco, boa comida, cachaça e cerveja, na super agradável Pousada do Zezé (www.pousadadozeze.com ), com o apoio da Fabíola Guerrini, filha do finado Zezé.
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Talvez só mesmo os próprios pilotos entendam o porquê da alegria vista em todos os rostos, abraços e na movimentação de todos, como um bando de crianças, para registrar em fotos aqueles momentos. Eram pilotos que não se haviam, alguns há mais de vinte anos. E que também há tanto tempo não falavam desse esporte que é apaixonante, que permite uma comunhão com a natureza sem igual, que os eleva – literalmente – à alturas que poucos seres alcançam, de forma muito diferente de estar dentro de um jato enorme, há dez mil metros de altura.
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Voar para mim, é minha maneira de estar sozinho. Quando o Caldas se foi, o esporte no Espírito Santo quase acabou, com poucos pilotos ainda praticando. Foi comum ir sozinho para voar, à ponto de ter que deixar o carro na rampa, para depois subir à pé. Revitalizou e renasceu com o advento do parapente, que facilitou tanto o aprendizado quanto a pilotagem. E hoje são milhares de praticantes no Brasil. Voar, seja de qualquer coisa, é o voo livre. Quando me perguntam qual é o melhor equipamento, eu sempre respondo que no que dia em que eu emburrescer o suficiente – não deve faltar muito – eu bato as orelhas, pois o importante é voar…

Mas voar sozinho é voar menos, pois com outros no ar, fica muito mais fácil perceber onde está subindo, e tal como aquele cara da ilha, sozinho com a estrela do cinema… vou contar para quem?
E voar de asa delta, como esse encontro demonstrou, é bem diferente de voar de parapente. A decolagem é única, não permite erros. O pouso também. E durante o voo, a velocidade, planeio, forma de pilotagem tem um charme e um sentimento que o parapente nunca terá.

O monte de “velhinhos” que se reuniu, nesse último domingo (17 de setembro de 2017), que o diga…

No sábado à tarde, ao encontrar um velho amigo voador, na rampa, comentaram comigo como estava sendo legal, o encontro que só aconteceria no dia seguinte. Eu respondi: “ah, se der certo, a gente repete no próximo ano…”. Na mesma hora, duas lindas mocinhas, afirmaram com certeza: “Mas já deu certo !!!”. Eram as filhas do Nestor e da Valéria…

Deu tão certo, que a primeira já está se preparando para fazer o curso de asa delta, junto com o filho do maior homenageado do dia, Bruno Fragoso Filho…

Bom… cabe a nós agora, continuar jogando brasas nessa fogueira…

Juan Barros
piloto de asa delta desde 1988 e parapente desde 1994

Para quem quer ver mais informações sobre o evento que rolou no dia 17 de setembro de 2016, acesse a página https://www.facebook.com/asadeltaES

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